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20 de Abril de 2024
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    Diretor nega a parlamentares existência de cartel e propina na Petrobras

    Publicado por JurisWay
    há 9 anos
    Em um depoimento sem novidades, o atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, afirmou nesta quarta-feira (29) que nunca ouviu falar em cartel de empresas para bancar esquema de propina na estatal, como foi citado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal por suspeita de participar de esquema que teria desviado R$ 10 bilhões da petrolífera.

    Desconheço a existência disso. Sou diretor da área de Abastecimento, meu trabalho é conduzir o suprimento do País. Nunca escutei algo sobre cartel, disse em resposta ao relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga irregularidades na estatal, deputado Marco Maia (PT-RS).

    Cosenza acrescentou que jamais ouviu falar de pagamento de propina na Petrobras. Em áudio do depoimento de Costa, liberado pela Justiça do Paraná e divulgado pela imprensa, o ex-diretor diz que havia um esquema de propina de 3% do valor dos contratos, percentual que era destinado, em parte, segundo Costa, para atender a PT, PMDB e PP.

    Paulo Roberto Costa
    Desde que assumi a diretoria da Petrobras, tive, no máximo, três telefonemas ao Paulo Roberto Costa, comentou Cosenza, em resposta se teria conversado com o ex-diretor e poderia ter mantido o suposto esquema de corrupção de seu antecessor. Ele também informou que se encontrou duas vezes pessoalmente com o ex-diretor.

    O deputado Rubens Bueno (PPS-PR) disse que a resposta de Cosenza mudou depois de ele ser lembrado que estava falando sob juramento e poderia responder judicialmente por eventuais mentiras.

    Já o líder do PT no Senado, senador Humberto Costa (PE), elogiou a postura firme de Cosenza nas respostas e sustentou que não vê problema em o atual diretor ter falado cinco vezes com Paulo Roberto Costa. Não existe nenhum problema de o senhor ter tido contato com o Paulo Roberto. Primeiro porque ninguém sabia da existência desse esquema e segundo porque nada mais natural do que haver conversa de transição, declarou o líder.

    Punições
    Parlamentares da oposição criticaram a falta de punições na diretoria da Petrobras depois de Cosenza ter assumido o posto. O senhor está lá desde abril de 2012 e nada aconteceu? Nada foi feito, nenhuma punição?, contestou o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA).

    Conforme Cosenza, foram instaladas, na estatal, duas comissões internas para analisar todos os contratos das obras de construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), ambas sob investigação do Tribunal de Contas da União (TCU). Estamos esperando o resultado para tomar alguma decisão. Fazer uma ação sem ter as investigações internas é algo temerário, explicou o diretor.

    Respostas evasivas
    Os oposicionistas criticaram ainda o que declaram ser uma tática de Cosenza de negar qualquer informação a respeito de irregularidades. Até a presidente Dilma reconheceu que há desvios na Petrobras e o senhor, que trabalha na área, não reconhece?, indagou o deputado Rubens Bueno (PPS-PR).

    O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) ironizou as declarações do diretor, dizendo que Cosenza foi bem treinado na Petrobras para dar respostas evasivas. Porém, agradeceu o dirigente por concordar em enviar à comissão, em até 15 dias, a relação de todos os contratos de obras e serviços da diretoria de Abastecimento com as empresas que participaram das licitações e os nomes das ganhadoras.

    Já o deputado Afonso Florence (PT-BA) elogiou Cosenza por não cair em nenhuma casca de banana das perguntas dos parlamentares da oposição. O que estamos vivendo aqui é uma tentativa de 3º turno [eleitoral], comentou.

    Indicação
    O diretor afirmou várias vezes que sua escolha para ser sucessor de Paulo Roberto Costa foi técnica e não houve indicação política. A decisão foi técnica e feita pela presidente [da Petrobras] Graça Foster.

    Cosenza, concursado há 38 anos na estatal, ressaltou avanços depois de ter assumido em 2008 a gerência-executiva de Refino, uma das seis que fazem parte da Diretoria de Abastecimento. Ele informou que, entre 2008 e 2014, foi reduzida a importação de derivados em 380 mil barris por dia.

    Youssef e Argôlo
    Cosenza negou conhecer o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e o deputado Luiz Argôlo (SD-BA). Nunca estive nem com um nem com o outro. Nem os conheço pessoalmente.

    Reportagens apontaram que a PF interceptou, em setembro de 2013, troca de mensagens entre Youssef - preso por suspeita de comandar esquema bilionário de lavagem de dinheiro - e Luiz Argôlo em que ambos mencionam o nome de José Carlos Cosenza e planejam agendar uma audiência entre o diretor e o doleiro.

    Ontem, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar aprovou a perda do mandato de Argôlo, que poderá recorrer da decisão.

    Reportagem - Tiago Miranda
    Edição - Marcelo Oliveira





































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